Industrialização por Substituição de Importação
- Prof. Thiago Holanda
- 9 de mar.
- 3 min de leitura
A Industrialização por Substituição de Importação (ISI) foi um modelo econômico amplamente adotado por países em desenvolvimento ao longo do século XX. Essa estratégia buscava reduzir a dependência das importações de bens industrializados por meio da promoção de uma indústria nacional forte e autônoma.

O presente texto tem como objetivo discutir o conceito da ISI, seu contexto histórico, os impactos dessa política e suas implicações econômicas para o Brasil. Para tanto, serão abordadas as fases da ISI, suas críticas e os desdobramentos para o desenvolvimento econômico brasileiro.
Conceito de Industrialização por Substituição de Importação
A ISI é um modelo econômico fundamentado na ideia de que os países em desenvolvimento devem estimular a indústria local como forma de reduzir sua vulnerabilidade externa. Esse modelo se baseia na proteção de setores industriais emergentes por meio de tarifas alfandegárias elevadas, subsídios estatais, controle cambial e incentivos fiscais.
A teoria da ISI sustenta que a dependência de importações de bens industrializados compromete o crescimento econômico e perpetua a desigualdade entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. Dessa forma, o fortalecimento da indústria nacional permitiria uma maior geração de empregos, aumento da renda e dinamização do mercado interno.
Contexto Histórico da ISI
A ISI começou a ganhar força no início do século XX, especialmente após a Crise de 1929, que revelou a fragilidade da dependência de economias primário-exportadoras em relação ao mercado externo. Na América Latina, a ISI se consolidou nas décadas de 1930 a 1980, com forte influência das ideias de economistas estruturalistas, como Raul Prebisch, Hans Singer e Celso Furtado.
Os primeiros países a adotar esse modelo foram Argentina, Brasil e México. Durante esse período, governos latino-americanos passaram a implementar políticas protecionistas e a criar empresas estatais para suprir as deficiências da infraestrutura industrial.
No Brasil, a ISI teve início ainda durante o governo de Getúlio Vargas (1930-1945), que promoveu a criação de indústrias básicas, como siderurgia e petroquímica, além da implantação de uma política industrialista. Nos anos 1950, com Juscelino Kubitschek, houve um novo impulso à ISI, com a expansão da indústria automobilística e a construção de Brasília.
Impactos da ISI na Economia Brasileira
Benefícios
Expansão industrial: permitiu um rápido crescimento da indústria brasileira, levando ao surgimento de setores estratégicos como a indústria de base, automobilística e eletrônica.
Diversificação da economia: a substituição das importações contribuiu para reduzir a dependência de produtos estrangeiros, fortalecendo a autonomia do Brasil.
Criação de empregos: o processo de industrialização gerou milhões de empregos, elevando o nível de renda da população e estimulando o consumo interno.
Investimentos em infraestrutura: o governo promoveu grandes investimentos em energia, transporte e telecomunicações para sustentar o crescimento industrial.
Desafios e Críticas
Baixa eficiência e produtividade: o protecionismo excessivo resultou na formação de indústrias ineficientes, que não tinham incentivos para inovar e reduzir custos.
Dependência tecnológica: apesar do avanço industrial, o Brasil continuou dependente de importação de bens de capital e tecnologia.
Déficits no Balanço de Pagamentos: a ISI aumentou a demanda por importação de insumos e máquinas, pressionando as contas externas e gerando crises cambiais.
Concentração de Renda: os investimentos industriais foram direcionados a setores de alta tecnologia, beneficiando grupos econômicos específicos e ampliando as desigualdades sociais.
A partir da década de 1980, o modelo da ISI começou a ser contestado. A crise da dívida externa e as políticas neoliberais adotadas no Brasil nos anos 1990 resultaram na abertura comercial e na redução do protecionismo. O país passou a buscar maior inserção no mercado global, promovendo reformas estruturais que visavam aumentar a competitividade da economia.
Entre as principais mudanças da década de 1990, destacam-se:
Redução de tarifas de importação;
Privatização de estatais;
Estímulo à entrada de investimentos estrangeiros diretos.
A herança da ISI ainda pode ser observado na economia brasileira, especialmente na dependência de importação de tecnologia e na necessidade de políticas industriais que conciliem proteção e competição. A história da ISI ensina que o crescimento econômico sustentável requer um equilíbrio entre industrialização, abertura comercial e inovação tecnológica.