
Um dos assuntos que mais desperta o interesse de professores, pesquisadores e estudantes é o desenvolvimento da inteligência. São muitos questionamentos que rodeiam esse tema, tais como: a inteligência é inata? Quantos tipos de inteligência existem? Como amadurecer inteligências adormecidas?
Para a maioria desses questionamentos ainda não há respostas consensuais. Porém, a ciência já encontrou evidências que apontam para um corpo de conhecimento comum que, ao longo dos próximos anos, pode nos fornecer informações seminais a respeito do assunto.
Como bons profissionais, é de suma importância entender o desenvolvimento da inteligência e as principais variáveis que a influenciam. Na infância, por exemplo, encontramos uma fase de acumulação, onde as crianças são expostas a diversos corpos de conhecimentos completamente desconhecidos e, por conta disso, a marca característica dessa fase é o acúmulo do saber. Na adolescência, começam as primeiras ligações lógicas entre os conhecimentos acumulados, é quando esse conhecimento começa a dialogar entre si. Após a adolescência, dá-se início a fase da aplicação. Ou seja, após o acúmulo e a conexão entre os saberes, há a produção de resultados práticos, que são ações no mundo real frutos da utilização desses conhecimentos.
Nesse contexto, uma das teorias mais difundidas é a de Howard Gardner, a respeito das inteligências múltiplas. De acordo com o referido autor, os indivíduos nascem com predisposições genéticas para desenvolverem capacidades cognitivas específicas. Porém, esse determinismo não é absoluto e a cultura e o meio em que o indivíduo vive podem ser decisivos para ajudar ou atrapalhar o desenvolvimento dessas capacidades.
Gardner, por meio de estudos e observações empíricas, listou 7 tipos de inteligências e suas principais características. São elas:
Linguística: inteligência que relaciona diversos saberes, tais como semântica (significados das palavras), sons (ritmo, métrica, etc), regras gramaticais, entre outras habilidades. Quem é versado nesse tipo de inteligência costuma ter enorme habilidade em se expressar, seja escrita ou oralmente. Além disso, é importante dizer que essa inteligência não é totalmente dependente dos aparelhos auditivos e orais, pois é perfeitamente possível que surdos sejam dotados de enorme capacidade linguística.
Musical: é a inteligência que costuma aparecer mais cedo. Há relatos de crianças que de 2 anos que já demonstravam extraordinárias habilidades musicais. É uma competência intelectual separada, ou seja, independe de outros objetos físicos para sua existência, podendo se desenvolver apenas pela utilização da oralidade e audição.
Lógico-matemática: é a capacidade de manejar uma longa cadeia de raciocínio sem perder o entendimento correto dos argumentos lógicos. Envolve a capacidade de identificar e calcular padrões na natureza e fatos. Vale salientar que todas as pessoas possuem, em alguma medida, essa inteligência. Porém, algumas a possuem em intensidades maiores.
Espacial: é a capacidade de distinguir o conhecimentoo figurativo (indivíduo consegue formar uma imagem mental a partir da retenção visual de determinado objeto) e o conhecimento operativo (capacidade de modificar as configurações desse mesmo objeto). Também envolve a capacidade do indivíduo de situar-se a orientar-se no espaço. Essa inteligência foi fundamental no período pré-histórico, onde os homens precisavam cruzar extensas áreas em busca de caça e, depois, retornarem para suas casas sem ajuda de nenhum tipo de ferramenta de geolocalização.
Corporal/Cinestésica: envolve o uso do corpo ou determinadas partes dele. É possível perceber essa inteligência atuando intensamente em ginastas, bailarinas, escultores e outros profissionais que lidam com a necessidade do uso do copo de forma coordenada e/ou intensa. É um tipo de inteligência que, de certa forma, ainda é vista com muito preconceito, pois muitas pessoas ainda têm a visão errada de que as inteligências que envolvem o uso do corpo são “inferiores” àquelas que usam a mente.
Intrapessoal: é a inteligência que envolve o conhecimento e desenvolvimento interno por meio do entendimento correto de si próprio. Pode parecer uma inteligência “óbvia”, mas não é. Muitas pessoas não têm um conhecimento apropriado a respeito de si mesmas e ignoram diversos “gatilhos” que despertam sentimentos e reações diante das circunstâncias da vida.
Interpessoal: é a inteligência que envolve o conhecimento e o desenvolvimento “para fora”, ou seja, a capacidade de “ler” e entender as outras pessoas. É a capacidade de perceber melhor os sinais verbais e não verbais que são emitidos pelas outras pessoas, estabelecendo, em regra, um canal de comunicação saudável e constante. Tanto a inteligência intrapessoal quando a interpessoal são as que mais sofrem influência do ambiente em que o indivíduo se encontra. De acordo com Gardner: “quanto menos uma pessoa entender seus próprios sentimentos, mais cairá presa deles; quanto menos a pessoa entender os sentimentos, as respostas e o comportamentos dos outros, mais tenderá a interagir inadequadamente com eles e, portanto, falhará em assegurar seu lugar adequado dentro da comunidade maior.”
Maria Calegari e Orlando Gemignani no livro “Temperamento e Carreira” mostram um levantamento feito por eles por meio de aplicações do teste MBTI (Myers-Briggs Typ Indicator) em diversos profissionais. O resultado pode ser visto no quadro abaixo, que mostra, em ordem de presença observada, os tipos de inteligências mais observadas em cada um dos temperamentos. Resultado no quadro abaixo:
Assim, reconhecer o seu tipo de inteligência é fundamental para um desenvolvimento mais completo das sua habilidades pessoais e profissionais. Ignorar esse conhecimento pode ser um caminho para frustação e baixo desenvolvimento profissional.
REFERÊNCIAS:
1. Calegari, Maria da Luz; Gemignani, Orlando. Temperamento e carreira: desvendando o enigma do sucesso. São Paulo: Summus, 2006.
2. Gardber, Howard. Estruturas da mente: a teoria das inteligências múltiplas. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1994.
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